30 de out. de 2013
rimenfrente
tudo que rimo
lembra da gente
à frente dos olhos
vem a vida
completamente
aberta
céu de brigadeiro
e voz clara
tudo na hora certa
tudo na nossa cara
no momento exato
de encontrar a fala
para fazer um trato
vamos seguir
em frente
23 de set. de 2013
PROPRIUM
está isolado de todo o resto.
A solidão cósmica em que vivemos:
não sabemos, do outro, além do raso.
e porque nos urge a necessidade
de deixar, pós-vida, além do hodierno,
algo que rompa as fronteiras do espaço.
talvez alguma arte de protesto.
Algo que fique marcado no inferno
ou no céu, para a imortalidade.
ou um ridículo esforço pós moderno,
tentar não morrer, a bem da verdade,
é buscar alcançar o alheio interno.
18 de set. de 2013
FENDA
enfim cravei no peito a espora
embebida em anestésico
sangrar o que restou,
deixar ir embora
o tal vazio
suar frio
sem dor
em cima do leito cirúrgico
me ocorreu uma ideia
botar um sanguessuga
sobre a cicatriz
e assim eu fiz
pra sangria
seguir
agora não preciso mais
rasgar o peito com a espora
a fenda fica aberta
sangra o que tiver
para sangrar
vão embora
os medos
fica
firme,
peito
fica
perto,
par.
16 de set. de 2013
MOMENTO
no sopé do Juramento
todos os gatos são pardos
são rasgados os destinos
o dia dura semana
me engana, sina, que eu ardo
longe do teu pensamento
todos os gatos são pardos
no sopé do Juramento
27 de ago. de 2013
DoT
matéria prima da voz
esses prós
e contras que têm feito
bem mais forte
a nossa canção
solidificam
solidificaram
solidificarão
no peito
o som
daquilo
que
Dá
o
Tom
15 de ago. de 2013
7 de jul. de 2013
RELIGARE?
6 de jul. de 2013
HOMME AISÉ
quanto mais meus olhos veem
pouco a pouco
o mendigo se espreguiçar
no tapete da minha sala
peço ao guarda que o remova
do meu tapete
da minha sala
antes que as visitas cheguem
e fiquem escandalizadas
o guarda me olha fundo
com aqueles olhos de mendigo
e diz que não vai tirar ninguém
porque a rua é pública
a rua é de todos
e o mendigo é um cidadão
tanto quanto eu
esse merdinha não sabe
com quem está falando
não sabe, esse fodido,
com quem se meteu.
6 de jun. de 2013
SERMÃO
Rima é recurso barato.
E a métrica, então? De fato,
faz com que o pensamento se reprima.
Toda poesia boa é assim.
Precisa de transgressão.
Requer uma conclusão.
Começo, meio e.
4 de jun. de 2013
ENCONTECIMENTO (RZ, 2013)
que não dá tempo
de encostar o ouvido na concha
do coração,
nem provar o mar escondido
naquela lágrima.
Vida sempre passa depressa,
mas às vezes isso é bom.
Quanto mais a gente é gente,
mais valor nas amizades.
De lágrima e coração,
de mar, de concha e tempo,
menos vida fica em vão,
mais a vida vai no vento.
23 de mai. de 2013
LUA DO SUBÚRBIO
do subúrbio
é o mesmo lado
que brilha
lá do outro
lado.
A face da lua
permanece,
tanto lá como
aqui
uma idêntica
neve.
Cidade partida
em dois lados,
a lua
igualmente
branca.
Vê-se, da varanda,
o cristo e o crucificando.
Rio de Janeiro,
você sabe
do que estou falando?
6 de mai. de 2013
ESGOTADO
já correu pelos esgotos
setenta por cento água
e trinta por cento corpo
proporção da natureza
que não leva em conta a mágoa
vamos falar da certeza:
esgoto, trinta por cento
setenta por cento, morto
12 de abr. de 2013
11 de abr. de 2013
QUADRA DA INFÂNCIA
UM PRO OUTRO
Ainda há tempo
De sentir
O vento
Na cara
De vestir
A fantasia
Ouve, coração
Ainda é dia
De viver
Cantando
Simplesmente
Por uns trocados
Claro, coração
Afortunado
Pra você
É fácil.
9 de abr. de 2013
8 de abr. de 2013
ENDUVIDADO
3 de abr. de 2013
AMOS
fugo
forti
fico
liqui
feito
acre
dito
entres
safras
sobres
saltos
cadá
veres
ab
soltos
cruci
fixos
en
tornos
semi
deuses
nati
mortos
AUTOSSABOTAGEM
que anunciam um futuro evidente.
Sonhos, em geral, duram tanto quanto
o braço leva a poesia em frente?
Um poema de autoajuda, portanto.
Maldita poesia adolescente,
tipo mens sana in corpore sano.
Uma questão importa, no entanto:
ajustar o seu passado ao presente
ou impor a passada ao permanente?
2 de abr. de 2013
SEMÁFORO?
fosse um sinal de trânsito.
O sinal não hesita:
verde é verde, vermelho
não parece outra cor.
Vida não é sinal
de trânsito, nem é
feliz, infelizmente,
simples, direta e reta.
É vida. Siga em frente.
19 de jan. de 2013
SUSSURRADO
Suas linhas se fizeram
Mais presentes no entorno
Do que penso, do que era.
Do que tudo que sabia
No instante em que fizera
As escolhas de poesia
As vontades, as quimeras.
Os instantes que passaram
Se revivem num segundo
O lampejo naufragado.
Como não me superaram
As tristezas desse mundo?
Vivo em frente – sussurrado.