A insônia segue,
implacavelmente,
um ritual perfeito:
num dia durmo contigo,
no outro ela me pega de jeito.
Não sei se é a cama mais fria,
se é o vazio no peito;
quem teria nascido
primeiro, o ovo?
Ou o desejo?
30 de set. de 2014
Cadanoite
30 de out. de 2013
rimenfrente
tudo que rimo
lembra da gente
à frente dos olhos
vem a vida
completamente
aberta
céu de brigadeiro
e voz clara
tudo na hora certa
tudo na nossa cara
no momento exato
de encontrar a fala
para fazer um trato
vamos seguir
em frente
23 de set. de 2013
PROPRIUM
está isolado de todo o resto.
A solidão cósmica em que vivemos:
não sabemos, do outro, além do raso.
e porque nos urge a necessidade
de deixar, pós-vida, além do hodierno,
algo que rompa as fronteiras do espaço.
talvez alguma arte de protesto.
Algo que fique marcado no inferno
ou no céu, para a imortalidade.
ou um ridículo esforço pós moderno,
tentar não morrer, a bem da verdade,
é buscar alcançar o alheio interno.
18 de set. de 2013
FENDA
enfim cravei no peito a espora
embebida em anestésico
sangrar o que restou,
deixar ir embora
o tal vazio
suar frio
sem dor
em cima do leito cirúrgico
me ocorreu uma ideia
botar um sanguessuga
sobre a cicatriz
e assim eu fiz
pra sangria
seguir
agora não preciso mais
rasgar o peito com a espora
a fenda fica aberta
sangra o que tiver
para sangrar
vão embora
os medos
fica
firme,
peito
fica
perto,
par.
16 de set. de 2013
MOMENTO
no sopé do Juramento
todos os gatos são pardos
são rasgados os destinos
o dia dura semana
me engana, sina, que eu ardo
longe do teu pensamento
todos os gatos são pardos
no sopé do Juramento
27 de ago. de 2013
DoT
matéria prima da voz
esses prós
e contras que têm feito
bem mais forte
a nossa canção
solidificam
solidificaram
solidificarão
no peito
o som
daquilo
que
Dá
o
Tom